Tenho dito que, desde que me entendo por gente, nunca se discutiu tanto os direitos dos homossexuais como em 2010. Só este ano, no âmbito jurídico, o STF permitiu a adoção de filhos por casais gays, o Itamaraty passou a conceder passaportes diplomáticos para companheiros de servidores homossexuais e tramita na Câmara uma lei que condena a homofobia. Já na mídia, a Rede Globo de Televisão, a mais assistida do país, colocou em horário nobre três homossexuais no reality show Big Brother Brasil, a Revista Veja, a mais lida, estampou em sua penúltima capa os jovens que, cada vez mais cedo, saem do armário com o apoio dos pais. Até mesmo o cantor Ricky Martin, ídolo pop, resolveu assumir sua condição publicamente. Fora isso, outros programas de televisão e revistas de educação têm dado destaque ao assunto. Não discutem as causas da homossexualidade, nem se é escolha, condição ou parte da genética de cada indivíduo. Mas cada vez mais apontam para a necessidade do país igualar os direitos daqueles que optaram por viver e compartilhar a vida com outra pessoa do mesmo sexo.
Muitas escolas públicas e particulares já trabalham o tema abertamente. Aliás, desde 2004, o Governo Federal sustenta o Programa Brasil sem Homofobia e, em Belo Horizonte, o Projeto Educação sem Homofobia insere-se no âmbito da Formação de Profissionais da Educação para a Promoção da Cultura de Reconhecimento da Diversidade Sexual e da Igualdade de Gênero. Belo Horizonte, aliás, é a primeira capital brasileira a discutir e adotar o uso do nome social de travestis e transexuais nos registros escolares. A UFMG também realiza todos os anos a semana da diversidade sexual, com palestras e debates sobre o assunto.
Mas o que acontece com as escolas religiosas? Responsáveis pela formação da maior parte dos filhos da classe média alta, as elas formam a futura elite do Brasil e pecam na abordagem de alguns temas que hoje já fazem parte do cotidiano de muita gente. Muitas vezes presas a valores e dogmas que não evoluem com o tempo, elas preferem se omitir quando este é o assunto. Não que façam isto com todos os marginalizados. Por serem religiosas, há o olhar cristão para o social. Não com entendimento sistêmico de organização da nossa sociedade, mas cristão. A Bíblia dá ênfase aos marginalizados e cita amar ao próximo como a si mesmo, mas quase não cita os homossexuais. Os pobres, por exemplo, são assistidos por vários programas sociais mantidos por instituições religiosas e filantrópicas. O racismo e a questão indígena também são debatidos em algumas escolas. Muitas delas, inclusive, ajudam aldeias indígenas e quilombolas. Mas isto não acontece com os homossexuais.
Muitos alunos sofreram bullying na infância e na adolescência dentro dos próprios muros da instituição. E muitos continuam a sofrer. E o tema continua velado. Hoje em dia, não se discute mudar o indivíduo para que ele seja aceito pelo meio. O que se discute (e o que é mais difícil em se tratando de práticas pedagógicas) é de mudar o meio para aceitar o indivíduo “diferente”. Talvez por medo de repúdio dos pais dos alunos, talvez por preconceito vindo dos próprios profissionais, talvez por falta de conhecimento da evolução do pensamento humano a escola religiosa pouco avança neste sentido. Existem registros de homossexualidade desde remotas civilizações. E hoje, em vários países europeus, a união civil de homossexuais já é realidade. Em Buenos Aires, pela primeira vez na América do Sul, os gays também têm direito à união civil. Esta é a tendência de praticamente todos os países ocidentais. E a tendência é que cada vez mais países aprovem igualdade de direitos.
Um recente caso que merece destaque aconteceu com uma faculdade particular em Minas não religiosa. Ela teria vetado a divulgação de um cartaz da 7ª semana Acadêmica do Serviço Social (sob o tema "Fortalecer as lutas sociais para romper com a desigualdade") em que, além de imagens de negros, índios, deficientes físicos e sem-terras, exibia a de duas mulheres se beijando. Segundo alunos e professores, a direção exigiu que a coordenadora retirasse a imagem das duas meninas, ela se recusou e foi demitida. O fato gerou protestos em várias organizações de apoio à diversidade sexual.
Contrários ou não, não há como mais fugir mais desta questão. A mídia, a escola e a família têm papéis fundamentais na construção de valores e de mentes. Se a escola religiosa não se apressar na mudança de valores e na maneira como lida com as diferenças, ela pode passar por uma crise tão grande como a que a Igreja Católica atualmente sofre. Ao se esquivar da nova forma como a sociedade se organiza, ela pode ser acusada de omissão e se perder em valores que o mundo não mais compartilha.
Muitas escolas públicas e particulares já trabalham o tema abertamente. Aliás, desde 2004, o Governo Federal sustenta o Programa Brasil sem Homofobia e, em Belo Horizonte, o Projeto Educação sem Homofobia insere-se no âmbito da Formação de Profissionais da Educação para a Promoção da Cultura de Reconhecimento da Diversidade Sexual e da Igualdade de Gênero. Belo Horizonte, aliás, é a primeira capital brasileira a discutir e adotar o uso do nome social de travestis e transexuais nos registros escolares. A UFMG também realiza todos os anos a semana da diversidade sexual, com palestras e debates sobre o assunto.
Mas o que acontece com as escolas religiosas? Responsáveis pela formação da maior parte dos filhos da classe média alta, as elas formam a futura elite do Brasil e pecam na abordagem de alguns temas que hoje já fazem parte do cotidiano de muita gente. Muitas vezes presas a valores e dogmas que não evoluem com o tempo, elas preferem se omitir quando este é o assunto. Não que façam isto com todos os marginalizados. Por serem religiosas, há o olhar cristão para o social. Não com entendimento sistêmico de organização da nossa sociedade, mas cristão. A Bíblia dá ênfase aos marginalizados e cita amar ao próximo como a si mesmo, mas quase não cita os homossexuais. Os pobres, por exemplo, são assistidos por vários programas sociais mantidos por instituições religiosas e filantrópicas. O racismo e a questão indígena também são debatidos em algumas escolas. Muitas delas, inclusive, ajudam aldeias indígenas e quilombolas. Mas isto não acontece com os homossexuais.
Muitos alunos sofreram bullying na infância e na adolescência dentro dos próprios muros da instituição. E muitos continuam a sofrer. E o tema continua velado. Hoje em dia, não se discute mudar o indivíduo para que ele seja aceito pelo meio. O que se discute (e o que é mais difícil em se tratando de práticas pedagógicas) é de mudar o meio para aceitar o indivíduo “diferente”. Talvez por medo de repúdio dos pais dos alunos, talvez por preconceito vindo dos próprios profissionais, talvez por falta de conhecimento da evolução do pensamento humano a escola religiosa pouco avança neste sentido. Existem registros de homossexualidade desde remotas civilizações. E hoje, em vários países europeus, a união civil de homossexuais já é realidade. Em Buenos Aires, pela primeira vez na América do Sul, os gays também têm direito à união civil. Esta é a tendência de praticamente todos os países ocidentais. E a tendência é que cada vez mais países aprovem igualdade de direitos.
Um recente caso que merece destaque aconteceu com uma faculdade particular em Minas não religiosa. Ela teria vetado a divulgação de um cartaz da 7ª semana Acadêmica do Serviço Social (sob o tema "Fortalecer as lutas sociais para romper com a desigualdade") em que, além de imagens de negros, índios, deficientes físicos e sem-terras, exibia a de duas mulheres se beijando. Segundo alunos e professores, a direção exigiu que a coordenadora retirasse a imagem das duas meninas, ela se recusou e foi demitida. O fato gerou protestos em várias organizações de apoio à diversidade sexual.
Contrários ou não, não há como mais fugir mais desta questão. A mídia, a escola e a família têm papéis fundamentais na construção de valores e de mentes. Se a escola religiosa não se apressar na mudança de valores e na maneira como lida com as diferenças, ela pode passar por uma crise tão grande como a que a Igreja Católica atualmente sofre. Ao se esquivar da nova forma como a sociedade se organiza, ela pode ser acusada de omissão e se perder em valores que o mundo não mais compartilha.