11.19.2009

Incapazes


Uma enquete no site da Agência Senado (http://www.senado.gov.br/agencia) pergunta se os internautas são favoráveis à aprovação do Projeto de Lei (PLC 122/2006) que pune a discriminação contra homossexuais. Até então, dos 158.212 votos, 51% dizem que não são favoráveis ao projeto. Uma intensa campanha virtual vinda de instituições evangélicas, católicas, apostólicas e conservadoras difamou a proposta e afirmou que, com a aprovação desta lei, seria criado um verdadeiro “império do homossexualismo no Brasil”. Ontem, o senador Magno Malta convocou os demais senadores a comparecerem à reunião da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) para discutirem a proposta. O senador, que antes de iniciar a carreira política, foi pastor evangélico e integrante da banda gospel Tempero do Mundo, disse na comissão que o projeto é eivado de sutilezas nocivas à sociedade e inaceitáveis. “Não podemos permitir que essa aberração passe na comissão”, disse. O que mais espanta é que Malta, junto com os outros senadores Valter Pereira (PMDB-MS) e Marcelo Crivella (PRB-RJ), diz que o projeto nega aos cristãos o direito à livre expressão. Ele disse ainda que tanto a sociedade quanto a Igreja não cometem homofobia, mas têm o direito de definir o homossexualismo como pecado. Outro senador, Mário Couto (PSDB-PA), afirmou que o projeto é inconstitucional e que a proposta é "uma afronta à religião católica, à sociedade e à dignidade". Discursos homofóbicos se tornaram quase que a marca registrada do senador Magno Malta. Em 2007, ele já havia dito que o mesmo projeto puniria pastores e padres que recriminassem um beijo homossexual dentro das igrejas ou que não puniria homossexuais que praticassem sexo no meio da rua. Além disso, comparou a homossexualidade com a necrofilia e à pedofilia. Apesar de constitucionalmente laico, o Estado brasileiro ainda é contaminado por políticos incapazes, limitados e retrógados, que não conhecem o respeito à diversidade e que ainda acreditam que o país deve ser conduzido conforme a crença e os valores cultivados pelas igrejas (muitas vezes corruptas, podres, assassinas). Eles se esquecem que o papel legal de cada representante do povo não é de simplesmente favorecer esta ou aquela classe, mas proteger todos os cidadãos que sofrem agressões verbais, físicas, quando não são assassinados ou têm todos os seus direitos violados. Sejam eles negros, índios, homossexuais, portadores de necessidades especiais ou até mesmo os evangélicos.

2 comentários:

  1. E o pior é a hipocrisia reinante, pois muitos desses deputados e desses evangélicos e católicos que os apóiam, provavelmente, são loucos de desejo pelo amor que eles ousam manchar o nome.
    Abs

    ResponderExcluir
  2. É como dizem: quem desdenha quer comprar! Abs

    ResponderExcluir