12.01.2009

Ya me voy


No dia 25 deste mês, vou conhecer Cuba, um lugar que há muito queria visitar. A ilha de Fidel é ainda um país que, pelos menos teoricamente, é adepto ao sistema socialista. Criticada por um lado pela falta de liberdade de expressão, de mantimentos e de novas tecnologias, a ilha é reconhecida pela medicina de altíssimo nível, pelo esporte muitas vezes vencedor e pelos baixíssimos índices de analfabetismo. Os que já visitaram Cuba dizem que a sensação é de estar em algum filme passado na década de 1950. Outros dizem que há pobreza, mas não há miséria. O mesmo diziam aqueles que conheceram a extinta União Soviética. Quando fui à Rússia, em 2007, vi que muita coisa havia mudado desta realidade após a queda do regime, em 1989, apesar de ser difícil se desvincular de um sistema que perdurou por tanto tempo em algumas décadas. O socialismo na Rússia não passa de estátuas de Lênin em praças ou de souvenires vendidos em cada esquina. É possível comprar o que restou da revolução de 1917: trajes militares, medalhas, moedas, chapéus com a foice e o martelo, símbolo da luta dos trabalhadores e da sua tomada do poder. Mulheres e homens lindos, extremamente elegantes, se confundiam com os mendigos alcoólatras, ao passo que os antigos Ladas hoje estacionam ao lado de Citröens, Renauts e muitas outras marcas estrangeiras. Apesar de já o ter feito, não defendo a implantação do sistema socialista como solução para os problemas da humanidade. Assim como nos governos capitalistas, as experiências vermelhas também foram recheadas de escândalos velados, corrupção e favorecimento ilícito. O que acho importante ressaltar é que os sistemas político-econômicos existentes no mundo possuem lá suas vantagens e as desvantagens. O capitalismo, sistema predominante e praticamente insustentável, levou ao homem as tecnologias de última geração, a Internet, a globalização e o encurtamento das distâncias. Por outro, a miséria desenfreada, a desigualdade gritante entre os ricos e pobres de um país, ou de países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Por outro lado, o socialismo trouxe uma redução das desigualdades sociais (niveladas, obviamente, para baixo) e acesso aos bens básicos. Mas também trouxe o personalismo (maoísmo, leninismo, stalinismo, castrismo) e as perseguições políticas. Quero muito conhecer Cuba, tentar descobrir o que é e o que não é mito, através do recorte que farei naquela imensa realidade. Talvez voltarei mais confuso frente à complexidade de um sistema social, impossível de se desvendar em apenas 20 dias. Mas sei que alguma percepção nova terei, que vá além de reportagens da Folha de São Paulo ou da Revista Veja. Da mesma forma que vi coisas que considero avanços e coisas que, ao meu ver, são ultrapassadas na Venezuela de Chávez em 2008, quero fazer também algumas observações na ilha. Claro que regadas a salsa, rum e baforadas de charutos.

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