11.20.2009

Igualdade

Vida longa a todos aqueles que sonham, lutam e querem uma sociedade menos desigual. A espécie é a mesma, os direitos também devem ser os mesmos. O movimento negro é digno de ser aplaudido de pé.

O dia é de afirmação negra, mas também serve para que os brancos tenham um pouco mais de consciência.

11.19.2009

Incapazes


Uma enquete no site da Agência Senado (http://www.senado.gov.br/agencia) pergunta se os internautas são favoráveis à aprovação do Projeto de Lei (PLC 122/2006) que pune a discriminação contra homossexuais. Até então, dos 158.212 votos, 51% dizem que não são favoráveis ao projeto. Uma intensa campanha virtual vinda de instituições evangélicas, católicas, apostólicas e conservadoras difamou a proposta e afirmou que, com a aprovação desta lei, seria criado um verdadeiro “império do homossexualismo no Brasil”. Ontem, o senador Magno Malta convocou os demais senadores a comparecerem à reunião da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) para discutirem a proposta. O senador, que antes de iniciar a carreira política, foi pastor evangélico e integrante da banda gospel Tempero do Mundo, disse na comissão que o projeto é eivado de sutilezas nocivas à sociedade e inaceitáveis. “Não podemos permitir que essa aberração passe na comissão”, disse. O que mais espanta é que Malta, junto com os outros senadores Valter Pereira (PMDB-MS) e Marcelo Crivella (PRB-RJ), diz que o projeto nega aos cristãos o direito à livre expressão. Ele disse ainda que tanto a sociedade quanto a Igreja não cometem homofobia, mas têm o direito de definir o homossexualismo como pecado. Outro senador, Mário Couto (PSDB-PA), afirmou que o projeto é inconstitucional e que a proposta é "uma afronta à religião católica, à sociedade e à dignidade". Discursos homofóbicos se tornaram quase que a marca registrada do senador Magno Malta. Em 2007, ele já havia dito que o mesmo projeto puniria pastores e padres que recriminassem um beijo homossexual dentro das igrejas ou que não puniria homossexuais que praticassem sexo no meio da rua. Além disso, comparou a homossexualidade com a necrofilia e à pedofilia. Apesar de constitucionalmente laico, o Estado brasileiro ainda é contaminado por políticos incapazes, limitados e retrógados, que não conhecem o respeito à diversidade e que ainda acreditam que o país deve ser conduzido conforme a crença e os valores cultivados pelas igrejas (muitas vezes corruptas, podres, assassinas). Eles se esquecem que o papel legal de cada representante do povo não é de simplesmente favorecer esta ou aquela classe, mas proteger todos os cidadãos que sofrem agressões verbais, físicas, quando não são assassinados ou têm todos os seus direitos violados. Sejam eles negros, índios, homossexuais, portadores de necessidades especiais ou até mesmo os evangélicos.

11.18.2009

Fumaças



A lei antifumo, que já foi aprovada em várias capitais brasileiras, varia conforme a região, mas reduz consideravelmente o contato dos não-fumantes com a fumaça do cigarro. Em São Paulo, estado onde a lei já está em vigor, é proibido fumar em qualquer lugar fechado. Em Belo Horizonte, já será permitido a presença dos incômodos fumódromos. Já faz um tempo que o cigarro perdeu o seu glamour e virou um problema sério de saúde pública. Em um balanço, o governo gasta mais com as internações que arrecada com os impostos da indústria tabagista. Por outro lado, a indústria petrolífera traz imensos lucros ao país. Segundo notícia publicada hoje, a Petrobrás foi a empresa que teve o segundo maior lucro de todas as Américas no último trimestre. É a principal estatal, com alta tecnologia, que vai aumentar ainda mais os cofres com a extração do pré-sal. Se o cigarro dá prejuízo e o petróleo dá lucro, talvez por isso ainda não se criou nenhuma lei antipetróleo. Isso porque uma recente pesquisa mostrou que respirar o ar poluído pelas indústrias e automóveis de São Paulo equivale a fumar, no mínimo, dois cigarros por dia. Imagine isso para um fumante. Se ele já fuma 1 maço sozinho, tem que acrescentar mais dois cigarros por dia por causa da poluição. Por trás de uma lei não estão apenas discussões sociais, ambientais ou morais, mas prioritariamente econômicas. Concordo que o cigarro incomoda quem não fuma, mas não acho que deva ser demonizado. Quando saio para algum lugar fechado, é desagradabilíssimo sair com a roupa e a pele defumadas. Mas confesso que já fiz muitos amigos fumando. E muitos inimigos dirigindo, no trânsito. E ainda dizem que a nova lei, em São Paulo, anda aproximando muito as pessoas. Quando estão em um lugar fechado, elas podem sair de 10 em 10 para fumar na rua. E voltam melhores amigas.

11.17.2009

Caio


Na 6ª edição da “Revista Tina”, voltada para o público adolescente, um personagem chamou a atenção dos leitores: Caio, tido em uma das histórias como o melhor amigo de Tina. Aparentemente, é o primeiro personagem gay de Mauricio de Sousa. Na história, ele afirma ser comprometido e aponta para outro rapaz. Tudo de uma maneira muito sutil, que pode deixar o leitor em dúvida. Sendo Caio gay ou não, sempre me admirou o respeito e a humanidade que Mauricio de Sousa lida com seus personagens e a forma que ele inclui cadeirantes, índios, pessoas portadoras de síndrome de Down, negros, entre outros, em seus quadrinhos. Neste ano, fiz duas entrevistas com o desenhista, uma por telefone, outra pessoalmente. Em uma delas, quando perguntei se um dos objetivos da Turma da Mônica era fazer inclusão de pessoas discriminadas dentro das historinhas, ele me disse que “queremos entrar cada vez mais nesta proposta de inclusão, que é natural para as crianças. As crianças não fazem distinção, geralmente é o adulto que é preconceituoso e acaba influenciando-a a adquirir estes valores. Queremos cada vez mais incluir essas vítimas de preconceito dentro das historinhas. Não que a história vá tratar o fato em si, mas vamos incluir os personagens no meio da história, como qualquer outro, para que seja um processo natural, sem forçar nada. Essa é a nossa proposta e tem gerado bons resultados”. A criação de um personagem homossexual para compor a Turma da Mônica é louvável no país considerado o mais homofóbico do mundo. Vale lembrar que Mauricio de Sousa é considerado o maior formador de leitores do país, já que muitas crianças se alfabetizam pelas suas histórias. Que mais leitores, em formação crítica, se deixem levar e se acostumar com novas abordagens e consigam abandonar os vícios do século XIX.

11.11.2009

Uniban ou Taliban?


O escarcéu feito em torno do caso da aluna da Uniban foi merecido. Aliás, me surpreendi quando vi tantas entidades se manifestando favoráveis à estudante e contrárias à faculdade, por expulsá-la da instituição. Em um país machista que prega moralidade demais, principalmente em relação ao comportamento de mulheres, as declarações da OAB, da UNE e do MEC são, no mínimo, um avanço e uma prova de que o poder público e demais instituições estão preocupadas com os direitos humanos. Se as 700 pessoas envolvidas no caso merecem repúdio pelas ameaças de estupro, cárcere privado e ofensas à aluna que foi à faculdade com um vestido curto, a universidade merece mais repúdio ainda. Uma porque não imaginava a proporção que o caso teria (já que foi noticiado nos principais veículos de comunicação do mundo), outra porque voltou atrás da expulsão da aluna justamente porque o assunto se tornou grandioso demais. A universidade justificou todo o desrespeito e ameaças em uma "reação coletiva de defesa do ambiente escolar". Mesmo após voltar atrás da decisão, a universidade ainda afirma que a aluna teve atitudes provocativas no modo de se expressar. E mesmo se tivesse. Como pode ser chamada de universidade uma instituição que pune a vítima para respaldar a brutalidade destas 700 pessoas? O zelo pedagógico da Uniban, que não se retratou por suas declarações, é sinônimo da satisfação da vontade fascista da maioria para preservar os próprios negócios. Afinal, eles querem pagantes, não cidadãos.